SÉRIE VOCAÇÕES - Última parte

2.3 - Vocações Leigas

É aquele chamado de Deus feito a um fiel que assume sua vocação leiga seja de casado ou não, não é chamado por tanto ao ministério sacerdotal, mas deve-se acrescentar-se que em nada diminui sua dignidade de filho de Deus e Batizado, ao contrário, a dignidade de toda vocação esta em assumir aquilo a que Deus chamou a ser na Igreja e no Mundo. Esta ode ser expressa dos mais diversos modos: há, por exemplo, aqueles leigos que não se sentem chamados a ser religiosos, mas a testemunhar no mundo e no ambiente em que vive o Cristo Senhor lá no seu trabalho (professores, médicos, advogados, administradores, etc...) e que se realizam consagrando seu trabalho ao serviço do Reino, sem contudo casar-se, mas pode acontecer que há aqueles que chamados ao matrimonio também além do dom da vida são chamados a trabalharem ofertando ao Deus o mesmo, isto é, exercê-los com amor.

2.3.1 – Movimentos e Novas Comunidades

Na história da Igreja Deus sempre suscitou leigos para ser sinal no mundo de esperança, por isso mesmo, os chama seja para fundarem, ou seja para se associarem a um carisma para evangelizar o ambiente onde vivem, podem exemplificar os vários Movimentos da Igreja: os Vicentinos, Focolares, Renovação Carismática Católica, Legião de Maria, etc.
Aqui são incluídas ainda as comunidades novas, exemplo: Comunidade Católica Shalom, Comunidade Católica Canção Nova, Comunidade Católica Emanuel, Comunidade Católica Betel, Comunidade Católica Doce Mãe de Deus, etc, são muitas inclusive fundadas no Brasil. São caracterizadas pela vida em comunidade de homens e mulheres e que partilham um mesmo carisma e missão, dentre eles existe a possibilidade de seguimento no carisma pelo que chamam “Comunidade de Vida” ou “Aliança”, onde os leigos em poucas palavras poderão ser missionários (tanto celibatários, quanto casados) Vida, sem permanência por muito tempo num mesmo lugar, ou “Aliança” que se trata ser testemunho ao Deus o “plantou”, na sua terra de origem, ou onde trabalha como leigo. Além de serem vocações suscitadas entre os leigos, atualmente Deus tem despertado no coração de Jovens que vivem nestas comunidades a vontade de se configurarem a Cristo Sacerdote e exercerem seu ministério onde houver estas comunidades. Os padres, das mesmas, podem pertencer à “Aliança” (que testemunham no século Cristo com seu carisma, mas sem obrigatoriedade da vida comunitária como os de “Vida”) ou à “Comunidade de Vida”, os quais vivem em comunidade intensamente e são enviados em diversas missões, possuem uma rotatividade, ao passo que aliança são chamados por Deus viver testemunhando naquele lugar onde Deus a Plantou para semear.

Os padres que pertencem à “Aliança” são padres seculares que vivem o carisma da comunidade e que portanto dedica uns dias atendendo a ela, mas possui além deste compromisso tudo em comum com a comunidade e também assume a administração de uma paróquia, ele é Incardinado na sua Diocese de Origem. Os de “Vida” são incardinados na uma diocese, onde os estudos dos seminaristas “Vida” são realizados, quando ordenados possuem liberdade de transferência feita pelo conselho da comunidade (a qual são ligados) que sempre dialoga com o Bispo. São realidades novas e das quais não se pode falar muito até porque a Igreja as estuda para então organizá-las. Hoje já temos comunidades novas com reconhecimento Pontifício, é o caso da Canção Nova e Shalom, são denominadas Associações Privadas Internacionais de Fiéis. 

As Ordens Terceiras ou Oblatos

Há ainda os leigos chamados por Deus a viverem um carisma de uma comunidade religiosa no século, ou seja, sem ser religioso, mas viver aquele carisma e aquela espiritualidade. Por isso o próprio Deus suscita em algumas comunidades de vida religiosa, o que conhecemos por Ordens Terceiras, ou Oblatos ou similares. Citamos algumas comunidades que as têm: Camilianos; Ordem dos Frades Menores (Capuchinhos) – toda a família franciscana; Carmelitas e suas variações; Mosteiros como Beneditinos; também nós Salvistas temos a Ordem Terceira Salvista e o Movimento Jovem chamado Juventude Salvista que fazem parte da Esfera Laical Salvista. Há em muitos Institutos de Vida religiosa sempre a presença de uma forma ou de outra de um Movimento Jovem, onde os jovens bebem da espiritualidade e transbordam em todas as dimensões de suas vidas, geralmente são nestes movimentos que o Próprio Deus desperta vocações para as outras Ordens ou mesmo Conventos Diferentes não obrigatoriamente do mesmo Instituto. 

Neste item falaremos das diversas maneiras dos leigos viverem o seu batismo, seja pessoa virgem, solteiras, mas que não foram a nenhuma comunidade religiosa, ou simplesmente juntam-se a associações publicas de fiéis, ou comunidades novas, ou movimentos, etc.


Vocação Relgiosa e Sacerdotal Salvista – neste item expressaremos de acordo com nossas constituições e experiências como é a vida salvista, seu pastoreio, seu modo de ser religioso e/ou sacerdotal, no nosso carisma “O Louvor de Deus”.

Dia 15 de Agosto: Dia da Vocação Religiosa e início da semana de oração pelos religiosos.

São dois os dias em que celebramos a vocação a Vida religiosa, dia 02 de Fevereiro (Apresentação do Senhor e Nossa Senhora da Luz) e no dia 15 de Agosto (Assunção de Maria). Para nós brasileiros, o mês de Agosto é por excelência o mês vocacional. 



O mundo precisa de Religiosos compromissados com a sua Missão: Ser fermento na Massa!

Parabéns a todos os Religiosos e Religiosas que se ofertam a Cristo todos os dias!


SÉRIE VOCAÇÕES - Parte 3

2.2 - Vocações Celibatárias[1]

Esta passagem bíblica de Mt 19,10-12 pode fundamentar a existência de outras possibilidades de santificação e salvação, se trata das vocações celibatárias, que são todas a aquelas onde há um desejo sobrenatural “de se dedicar mais facilmente a Deus com um coração indiviso”[2], ou seja, dedicar-se exclusivamente a Deus. Mas todos os estados de vida terão em comum, como o modelo para suas vidas, a obediência e entrega livre do Nosso Salvador Jesus Cristo ao Pai para a humanidade.



2.2.1 - Vocações Religiosas Masculinas e Femininas

São homens e mulheres chamados por Deus a viver e elevar à radicalidade Evangélica o seu Batismo numa vida de maior ascese, seguindo o Cristo mais de perto. Livremente à Luz do Evangelho é convidado por Deus a imitar o Cristo que se oferta, inclusive sua sexualidade, para transbordar na caridade, isto é, no serviço à humanidade. O texto sagrado, ICor 7,25-40 (pare um pouco e leia atentamente este texto na sua Bíblia e antes de prosseguir na leitura, converse com Deus, pergunte-lhe o que Ele quer de você?) demonstra os diversos Estados de vida como resposta livre ao amor de Deus que convida o homem a unir-se a Ele.

2.2.2 - Vocação Sacerdotal


É o chamado de Deus feito ao homem (varão), que pelo batismo comumente já é “Sacerdote, Profeta e Rei”, a configurar-se ao Senhor, ou seja, é aquele fiel comum, que oferta o seu “ser” (sua natureza) a Jesus, para que pelo Sacramento da Ordem, sua vida toda seja um serviço, mas não qualquer, seja o próprio serviço de Cristo, seja o próprio Cristo na sua carne (pessoa). Ser serviço, neste sentido, significa ser o Cristo ministerial, ser o Cristo em exercício vivo e atuante, de modo especial na liturgia eucarística, onde o sacerdote ministerial é o próprio Senhor que se oferta, e une a si todas as ofertas, todos os sacrifícios de louvor de todos os fiéis do mundo inteiro pela a humanidade.
O sacramento da ordem possui três graus distintos, que enfatizam um modo ou participação do sacerdócio de Cristo, são os seguintes:
1º Grau da Ordem: Diaconato;
2º Grau da Ordem: Presbiterato; e
3º Grau da Ordem: Episcopado.

a)      1º Grau da Ordem: Diaconato – este ministério é aquele que expressa o caráter do Cristo servo do altar e da palavra.
Os diáconos participam de modo especial na missão e na graça de Cristo. Marcados pelo sacramento da Ordem com u m sinal (“caráter”) que ninguém poderá apagar e que os configura a Cristo, que se fez “diácono”, isto é, servidor de todos. Cabe aos diáconos, entre outros serviços, assistir ao Bispo e aos padres na celebração dos divinos mistérios, sobretudo a Eucaristia, distribuir a Comunhão, assistir ao Matrimônio e abençoá-lo, proclamar o Evangelho e pregar, presidir os funerais e consagrar-se ao diversos serviços da caridade.[3]

b)      2º Grau da Ordem: Presbiterado – este ministério é sacerdócio em si, nele o servo é o próprio Cristo, ou como nos ensina teologia, a pessoa é Persona Christi, é a Pessoa do Cristo.

O ofício dos presbíteros, por estar ligado à ordem episcopal, participa da autoridade com que o próprio Cristo constrói, santifica e rege seu corpo. Por isso, o sacerdócio dos presbíteros, supondo os sacramentos da iniciação cristã, é conferido por meio daquele sacramento peculiar mediante o qual os presbíteros,pela unção do Espírito Santo, são asinaladas com um caráter especial e assim configurados com Cristo Sacerdote, de forma apoderem agir em nome de Cristo Cabeça em pessoa.[4]

c)      3º Grau da Ordem: Episcopado – o ministro ordenado presbítero pode ser chamado por Deus através do Santo Padre o Papa, para exercer seu ministério de Presbítero com o ordenado dos Apóstolos, quer dizer ele continua a missão do Cristo deixado aos Apóstolos, o Governo da Igreja em Comunhão com o Santo Padre o Papa, sendo assim sinal visível da unidade de toda a Igreja. Portanto a figura por excelência do Cristo Bom Pastor, que rege a Igreja, porém uma parte do todo (Diocese), sendo ao mesmo tempo o sinal do Todo pelo vínculo com o Sumo Pontífice.

“Cristo a quem o Pai santificou e enviou ao mundo (Jo 10,36), fez os Bispos participantes de sua consagração e missão, por meio dos apóstolos, de quem são sucessores. Os Bispos transmitiram legitimamente o múnus de seu ministério em grau diverso a pessoas diversas na Igreja”. “O múnus de seu ministério foi por sua vez confiado em grau subordinado aos presbíteros, para que – constituídos na ordem do presbiterado com o fito de cumprir a missão apostólica transmitida por Cristo – fossem os colaboradores da ordem episcopal.”[5]

A - Vocação Sacerdotal Religiosa - Deve-se acrescentar quanto aos religiosos masculinos, a vocação sacerdotal, que como sabemos, é um sacramento, um sinal. É o convite feito de Deus ao homem para que ele, pelo sacramento, seja-lhe impresso o caráter indelével (inapagável) de Cristo no seu ser, quer dizer, ser a presença do próprio Jesus na Terra, este convite pode ser feito entre aqueles que já se consagraram a uma vida austera, já radicalizaram o seu batismo, vivendo separado do século, mas em vida comunitária, e já vivem no seu ser um carisma específico, será, pois, por este carisma, que ele se realizará não só como ser humano, filho de Deus, mas também como sacerdote, se assim sente o chamado de Deus a este sublime ministério.

B - Vocação Sacerdotal Secular (Diocesana) – São aqueles fiéis chamados por Deus a ser presença do Cristo Senhor em meio à humanidade, em meio o século, vivem seu ministério sacerdotal, em geral, em solidão fecunda. Podem fazer uso da batina preta, significando que estão mortos para o século, mas vivos no Cristo, que se faz presente no mundo para salvá-lo.


[1] BÍBLIA KING JAMES. NOTA: “(...) O ?Judaismo conhecia apenasduas categorias de eunucos: Os feitos pelo homem (em hebraico sáris ‘adhãm), e aqueles que nasceram congenitamente incapazes ou sem libido (instinto e desejos sexuais) chamados de natural ou enuco do sol (em hebraico sãrïs hammâ). Jesus usou uma metáfora para mostrar o radicalismo do amor: na união com Deus e com o próximo, na aliança do matrimônio e no ministério cristão. Jesus surpreende seus inquiridores com uma terceira classe de eunucos: os celibatários, aqueles que, de forma livre e espontânea, sacrificaramseus desejos naturais legítimos por amor ao Senhor e para melhor e maior dedicação ao Reino de Deus.”
[2] CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Nº 2349.
[3] CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Nº 1570.
[4] CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Nº 1563.
[5] Ibid. Nº 1562.

SÉRIE VOCAÇÕES - Parte 2 por Frater Tomás Maria, sjs

2.1 – Vocação Matrimonial


Fazendo uso da sua liberdade e conhecendo a própria liberdade do Deus que chama, o ser – humano, assim como pode escolher entre a Bênção e Maldição, fazer a Vontade de Deus ou em não fazê-la, entre pecar e não pecar, e assim por diante, pode ou por ignorância ou por rejeição escolher o que fazer da sua vida. Mas falando em vocação específica que, é aquela que o Cristão no processo de amadurecimento e discernimento vocacional, vai ouvindo de Deus o convite em Segui-lo (nos diversos estados de vida que falaremos mais adiante) ele pode escolher entre muitos o matrimônio.
Pela narração bíblica, se seguíssemos a cronologia dos fatos narrados, perceberíamos que a primeira vocação apresentada por Deus ao homem como meio de santificação é o da união conjugal, ou seja, o matrimônio no seu estado mais primitivo. Sabemos pelo livro de Gn 1-3, que o homem foi criado por Deus, pelo mais puro ato de Amor. Deus criou tudo para a humanidade, confiando a ela inclusive o governo da Terra. Mas o maior propósito de Deus para o homem com a Criação, é que este, ao percebê-la  como ato de Amor de Deus por ele, O busque livremente, unindo-se a Ele, e viva em perfeita harmonia com a natureza e seu Criador (sempre na liberdade de escolha).


Deus ao criar o homem (Ish - Adão) vê que “não é bom para o homem ficar sozinho(...)” (Gn 2,18), por isso lhe dá como companheira a mulher (Ishá – Eva). Contemplamos aqui um chamado natural feito a todo ser humano, o de não ficar só e unir-se a uma companheira (esposa). É a partir daqui que ao longo dos séculos a Igreja vai compreendendo e elevando o Estado do Casal à Sacramento, isto é, Sinal de Salvação, não apenas pela união dos corpos, mas de espíritos em Deus. É neste sentido que se deve entender a vocação do Matrimônio, e mais: o cristão que deseja unir-se a sua amada, deve não apenas, entender como uma vocação natural, mas sobrenatural, deve ter clara sua união com a eleita, como a atitude de Cristo esposo que se doa por sua Igreja esposa. O casal deve, portanto, santificar-se mutuamente à medida da crescente entrega, a exemplo de seu Senhor, que dá livremente a própria vida para a salvação da humanidade. O casal estará salvando a humanidade quando testemunha à mesma, a entrega mútua, fiel e temente a Deus como Jesus obediente. Mas podemos agora nos questionar, se não é bom que fique só, por que na Igreja existem outros Estados de Vida, como as vocações leigas solteiras e celibatárias religiosas, religiosos, sacerdotais? Para responder a esta pergunta, responderemos com a própria palavra de Deus, na qual, fundamentaremos todas as expressões de vocação. E depois falaremos especificamente de uma por uma.

Então os discípulos consideraram: “Se estes são os termos para o marido e sua esposa, não é vantagem casar!”
Mas Jesus ponderou-lhes: “Nem todos conseguem aceitar essa palavra; somente aqueles a quem tal capacidade é dada.
Pois há alguns eunucos que nasceram assim do ventre de suas mães; outros foram privados de seus órgãos reprodutores pelos homens; e há outros ainda que a si mesmo se fizeram celibatários, por causa do Reino dos céus. Quem for capaz de aceitar esse conceito, que o receba”. (Mt 19,10-12).

SÉRIE VOCAÇÕES - Para o mês das vocações

1. O Primeiro Chamado

Por Frater Tomás Maria,sjs


Como sabemos o primeiro chamado feito por Deus ao homem é a Santidade (IPd 1,15-16), que nada mais é, que unir-se a Deus. É por isso um caminho longo de conversão que começa já aqui na Terra e a partir do Batismo.
                Em cada Santa missa este mistério de santificação é concretizado em cada pessoa humana, na ação do Espírito Santo e através da leitura de sua própria história de vida, pois é também nela que se ouve a voz de Deus. Mas o que você entende por vocação?
                 Pe. Amadeo Cencini coloca a vocação como um “Diálogo entre duas liberdades”, significando que o Deus que cria, já o chama primeiramente a uma vida terrena, quer dizer Deus livremente lhe dá a vida e ao mesmo tempo lhe dá a liberdade em como vivê-la. A resposta em como este homem viverá é que esta em suas mãos. O homem nasce assim com um instinto muito forte à vida, por isso mesmo já ao nascer faz tudo para manter-se vivo. Mas Deus na Sua liberdade, não se contenta dar-lhe apenas a vida terrena, Ele quer mais! Quer que este, fazendo uso da sua liberdade, opte por Ele e queira conhecer a Sua Vontade, isto é, A Verdade que pode Conduzi-lo a Perfeita União. Sendo assim o encontro entre duas liberdades vai além de um sim a esta vida, vai até o que Conhecemos como Vida Eterna. Pois Deus quer que tenhamos “Vida em abundância”. Mas vejamos um trecho do livro “Quando Deus chama”, do Padre Amadeo:

Um Deus absolutamente livre no chamado cria ou torna totalmente livre o chamado, livre para dar-lhe resposta, torna-o responsável, literalmente capaz de dar resposta; não o amarra a si, não o obriga a amá-lo ou mostrar-lhe reconhecimento ou a segui-lo (veja o jovem rico e o próprio Judas); quando muito coloca em condição de decidir o que fazer com o dom recebido, para ser livre, como o seu Criador, exatamente.[1]

É dentro desta liberdade para o homem responder a Deus que ele poderá optar, na liberdade, por um chamado específico, o qual só poderá saber com muita oração e discernimento. Em breve veremos os vários Estados de Vida.


[1] Amadeo CENCINI.Quando Deus chama. p.13-14.